Formado por estudantes e atravessando gerações, Coral do Jesuítas completa 25 anos
O futuro tem vozes e algumas delas estão no Coral do Jesuítas, que reúne cerca de 60 jovens
e completa, em 2025, 25 anos de trajetória. As vozes daquele início encontraram o futuro. As de
hoje o perseguem. Um dos corais de estudantes mais longevos da região da Zona da Mata mineira,
o grupo, em seu primeiro quarto de século, testemunhou diferentes gerações de jovens. No próximo
dia 4 (sábado), às 18h30, o grupo celebra seus 25 anos em uma apresentação especial, aberta ao
público, no Auditório Pe. Oliveira, do Colégio dos Jesuítas, recebendo antigos integrantes e um
convidado especial.
Participação especial no espetáculo, o Coral do Colégio Anchieta, de Nova Friburgo,
representa os frutos da semente plantada pelo coral juiz-forano. “Em 2023 visitamos o Anchieta,
fizemos uma oficina de canto coral e, a partir dali, eles fundaram um grupo que já conta com 30
integrantes. É uma alegria percebermos a consolidação do nosso projeto e o que nós inspiramos”,
reflete o regente do Coral do Jesuítas, Professor Guilherme de Oliveira.
No repertório da apresentação comemorativa não faltaram clássicos da música popular
brasileira, como “Olhos nos olhos”, de Chico Buarque, e o linndo arranjo para “Quem sabe isso quer
dizer amor”, de Milton Nascimento, além de novidades. No início de 2025, o Colégio propôs
diferentes enquetes para a escolha do repertório dos 25 anos e as músicas mais votadas compõem
a seleção.
Muito além do canto
Fundado em 2000, pelo ir. Fernando Vieira, SJ, que regeu o Coral até 2010. Em 2011, o
professor Guilherme de Oliveira assumiu a regência do projeto. “O Coral tinha um repertório mais
erudito e, assim que cheguei, perguntei aos integrantes sobre o interesse por música popular
brasileira. Eles não gostavam, mas pedi para apresentar-lhes duas canções, ‘Dia Branco’ e ‘All Star’.
A partir desses dois arranjos o Coral entendeu a proposta e construímos juntos um novo repertório”,
recorda-se o regente, que viu a composição de Geraldo Azevedo se tornar o hino do grupo. Daquele
ano, de 8 integrantes, a formação passou a 20 vozes. No primeiro colégio jesuíta da América Latina
a se tornar misto, o Coral era predominantemente feminino. Pouco a pouco foi ganhando vozes
masculinas.
Aberto à participação dos estudantes desde o 6o ano do Ensino Fundamental e até a 3a série
do Ensino Médio, o Coral se organiza em quatro vozes: Soprano, Contralto, Tenor e Baixo. Os
ensaios são feitos por naipes, solos e reunindo todos, numa rotina contínua e que, em temporadas
de muitas apresentações, ganha intensidade. No histórico do grupo estão palcos importantes, como
o Cine-Theatro Central e espaços Brasil afora. Geralmente, antigos integrantes visitam os ensaios
gerais e participam de espetáculos especiais. “Não saber cantar nunca foi uma questão. Existem
mecanismos para que esses jovens descubram as próprias vozes, entendam o processo do cantar
e aprendam as técnicas, assim como aprendemos um idioma e um esporte”, pontua o regente.
“O Coral vai além da canção, é um espaço de refúgio, principalmente para o Ensino Médio,
com sua rotina de tantos conteúdos e exames. Não é um lugar de terapia, mas um lugar terapêutico,
de troca de experiências e desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Construímos uma
irmandade. A música é um espaço que nos une”, celebra Guilherme. Para Arthur Castellões,
coordenador da Escola de Esporte e Cultura do Colégio dos Jesuítas, a linguagem musical e as
demais atividades culturais auxiliam na formação integral do indivíduo, numa construção que
extrapola o currículo e tem como objetivo o desenvolvimento de habilidades humanas importantes
para a vida em sociedade. “O Coral do Jesuítas faz memória de gerações que encontraram no canto
uma forma de expressão e de atuação no mundo. Essas vozes que ouvimos hoje são as que daqui
a pouco estarão servindo à sociedade, transformando nosso mundo”, destaca.